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A LANÇA & O GRAAL

O OLHO DE HOOR VOL. II, NO. 1

Este livro é sobre magia sexual thelêmica. Trata-se em última análise da busca do magista cerimonial ocidental pelo segredo supremo da deificação da alma através do poder de seu PHALLUS. Desde a puberdade o homem estabelece um vínculo profundo entre sua masculinidade e seu pênis, descobrindo uma forma de prazer solitário. Ele crê que seu pênis não é só um órgão de prazer, mas também acredita possuir uma arma de dominação. No entanto, no momento do prazer, da excitação, quem realmente possui quem? Quem realmente está dominando quem? Esse é um segredo, um mistério que nunca lhe é revelado; e caso tenha brio iniciático, um impulso que lhe projeta a rasgar o Véu de Ísis, sem ajuda e orientação será é deixado a vagar para descobrir o mistério por conta própria. Sem a devida instrução nunca será informado de que existe uma maneira errada e uma maneira correta de usar seu pênis, porque tudo abaixo do Abismo está imerso na dualidade. Desinformado, portanto, o uso de seu pênis geralmente sempre é uma forma de abuso e, na melhor das circunstâncias, uma ferramenta de procriação. Porque tudo o que envolve o pênis na educação profana secular, está conectado a satisfação dos desejos e a fecundação de uma criança. Na nossa cultura ninguém é ensinado que o pênis, ou melhor, o PHALLUS, tem uma conexão direta com o Um Deus Verdadeiro que tanto aparece nos rituais e nas instruções secretas da O.T.O. Este é o eixo ao redor do qual se organiza a magia sexual thelêmica.​

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Ao longo da história religiosa do homem, o PHALLUS tem ocupado um lugar central como símbolo cósmico e divino. Dos cultos fálicos primitivos na Antiguidade, passando pelo lingam tântrico, até as concepções mágicas da Ordo Templi Orientis, o PHALLUS emerge não apenas como um órgão biológico, mas como um eixo metafísico, uma baqueta mágica de poder que conecta Céu e Terra, Espírito e Matéria, Criador e Criação. No contexto da magia sexual thelêmica, Aleister Crowley resgata esse símbolo ancestral, restaurando-o ao seu lugar de honra enquanto instrumento divino nas mãos do Iniciado: a Lança Sagrada empunhada por Parzival que, penetrando o Véu da Ilusão, consagra o ato sexual como uma epifania da Vontade e da Verdade.
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A Lança & o Graal

Em tempos de decadência espiritual e dissolução moral, onde a masculinidade é ou demonizada ou reduzida a caricatura de si mesma, a restauração do PHALLUS Mágico torna-se um ato revolucionário. Resgatar o poder criador do homem e reconectá-lo com a Tradição Iniciática é restabelecer a ponte entre o divino e o humano, entre a magia e a vida cotidiana, entre o espírito e a carne. O magista thelêmico, armado com sua Lança Sagrada e iluminado por sua Verdadeira Vontade, não é um escravo dos impulsos ou das normas sociais: ele é um aristocrata espiritual, um criador de mundos, um restaurador da Lei Cósmica, o portador do Phallus-Deus que, ao penetrar o Graal da Grande Mãe, dá à luz a Criança Mágica — o próprio Sol renascido, o Logos do Novo Aeon.

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A Lança & o Graal é um livro que mergulha profundamente na magia sexual de Aleister Crowley, explorando os papéis do homem e da mulher dentro dessa prática, especificamente no contexto da Missa Gnóstica. Neste estudo, a conexão entre os símbolos hermeticistas e a tradição dos mistérios antigos é amplamente examinada, demonstrando a continuidade de uma herança espiritual que remonta a cultos como os de Orfeu, Eleusis, Mitras e Dionísio. A proposta de Crowley ao criar a Missa Gnóstica não foi apenas preservar esses mistérios, mas torná-los acessíveis a todos aqueles que desejassem vivenciar sua essência, utilizando a interação do Sacerdote e da Sacerdotisa como eixo central da ritualística.

A Lança & o Graal

Em muitas as culturas iniciáticas arcaicas, o PHALLUS se ergueu como um eixo cosmogônico, uma ponte entre mundos, um símbolo da força criadora divina. No coração da magia sexual thelêmica, o PHALLUS é mais que uma parte do corpo: é o próprio cetro da Vontade. Aleister Crowley, absorvendo tanto o simbolismo fálico ocidental quanto a tradição tântrica oriental, ensina que o magista deve assumir seu órgão como a baqueta mágica de poder, capaz de unir Céu e Terra através da consciência dirigida. No Liber XV: a Missa Gnóstica, a Lança do Sacerdote, que penetra o Graal da Sacerdotisa, é a encenação dramática de um ato cósmico: a reintegração da polaridade divina em um único fluxo criador. A sacralização do órgão gerador masculino é, em sua essência, uma afirmação de que a potência criadora da divindade se manifesta no Homem através de sua virilidade.

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A pintura A Lança & o Graal (acrílica sobre tela) da artista Luciana Vasconcelos foi encomendada para a nova edição do livro homônimo, em fase de construção. A Missa Gnóstica (Liber XV), criada por Aleister Crowley em 1913 e.v., constitui o rito central da Ordo Templi Orientis (O.T.O.) e sintetiza, em uma liturgia altamente simbólica e dramática, a fusão entre misticismo, teurgia e magia sexual. Concebida no contexto do ecletismo esotérico do início do Séc. XX, ela reflete tanto o interesse de Crowley pela liturgia da Igreja Ortodoxa Oriental quanto sua profunda imersão nos mistérios da Ordem Hermética da Aurora Dourada, no gnosticismo cristão primitivo e nas práticas do tantrismo hindu e tibetano. A Missa Gnóstica não é apenas um culto religioso, mas uma operação mágico-teúrgica cujas raízes remontam a uma longa tradição de teurgia sacramental, onde o corpo e o espaço litúrgico são transubstanciados em matrizes de energia mágica. Em termos históricos e esotéricos, ela se insere na linhagem de rituais iniciáticos que ligam os Mistérios de Elêusis aos sistemas hermeticistas renascentistas e às práticas mágicas do Séc. XIX, como os ritos maçônicos e martinistas.

A Fórmula Mágica ON

O Senhor e Pai é o Deus-Criança Hórus, macrocosmicamente simbolizado no Sol, o Ente Presença nos domínios de Nuit. ON é o nome do Sol. Uma palavra de trino significado. A letra O «Ayin-ע» representa o princípio masculino universal na imagem do Pai ou PHALLUS. A letra N «Nun-נ» representa o princípio feminino universal na imagem da Mãe ou Kteis «vulva». ON, portanto, é a União e Quintessência de Pai e Mãe na forma do Filho. O totem de O «Ayin-ע» é o Bode, símbolo da Vontade procriadora ou PHALLUS ereto.

ON soma 120, o valor da letra Samekh «סםך», o Caminho na Árvore da Vida que conecta o Sol-Tiphereth e a Lua-Yesod, Pai e Mãe, Deus e Alma. Sobre esse mistério, Crowley diz: ON é o Arcano dos Arcanos e seu significado é ensinado gradualmente na O.T.O. Nesse momento na Missa Gnóstica, o Sacerdote assume o Sinal de Apófis e a Sacerdotisa o Sinal de Mulier que, Unidos, formam o Sagrado Hexagrama simbolizado pela Safira Estrela.

A magia sexual de Aleister Crowley exposta em A Lança & o Graal baseia-se amplamente nesta fórmula mágica em busca do samādhi supremo representado pela União dos Opostos, a Criança-Sol-ON.

A palavra ON é uma chave cabalística e mágica que integra a tradição egípcia, hebraica e ocidental moderna. Sua origem remonta à cidade sagrada de Heliópolis no Egito (cujas letras hebraicas formam און), mas Crowley a ressignificou no contexto da magia sexual thelêmica como a representação do ciclo completo de nascimento, morte e renascimento da consciência divina na carne. Na prática sexual da O.T.O., especialmente nos graus superiores (VII°, VIII° e IX°), o ato sexual é compreendido como uma dramatização ritual da própria encarnação divina. ON representa a descida da força criadora do Pai (Yod) na Mãe (Heh), gerando o Filho (Vav), que finalmente retorna à Mãe como Filha (Heh final), fechando o ciclo do Tetragrammaton (YHVH). Esse processo é simbolizado diretamente no ato sexual ritualístico, com a Lança representando o PHALLUS Divino e o Graal representando a Matriz da Deusa.

A Lança & o Graal

A Missa Gnóstica de Crowley pode ser interpretada como um rito teúrgico de restauração do PHALLUS Sagrado. O Sacerdote não é apenas um oficiante; ele é Parzival renascido, aquele que recupera a Lança Sagrada perdida. Ao penetrar o Graal, ele realiza o hieros-gamos – o casamento alquímico entre o Espírito Solar Masculino e o Ventre Lunar Feminino. Essa união não é, portanto, um ato de luxúria profana, mas o ato ético supremo da magia sexual thelêmica, onde o prazer é sacrificado à Vontade. Crowley diz: A energia sexual, sublimada e direcionada, é a chave de todo poder mágico verdadeiro.

Restaurar o PHALLUS na magia sexual é restaurar a conexão entre Vontade e Poder, entre criação e divindade. Sem esse eixo, não há Verdadeira Vontade, apenas pulsões dispersas. Sem esse PHALLUS consciente, não há liberdade espiritual, apenas escravidão aos instintos cegos ou à moralidade servil. Aqui reside a fórmula mágica da Quadratura no Círculo. Resta ao magista erguer sua Lança, consagrar seu Graal e gerar sua Criança Mágica – para que a Verdade, a Vida e o Amor se tornem uma coisa só: a Grande Obra.

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A fórmula mágica Abrahadabra é central dentro do sistema thelêmico de Aleister Crowley. É a Palavra do Aeon de Hórus, contendo em si o Mistério da Grande Obra: a união mística entre o microcosmo (o homem) e o macrocosmo (o divino), sintetizada na expressão da Verdadeira Vontade. Mas além de sua função enquanto palavra de poder do Novo Aeon, essa fórmula é uma chave cifrada de mistérios alquímicos e sexuais, onde a manipulação consciente das energias mágicas e sexuais conduz à realização espiritual.
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Abrahadabra

Nos graus superiores da O.T.O., especialmente no IX°, Abrahadabra se conecta diretamente à função do PHALLUS como centro do poder mágico criador. É o Verbo Criador, a palavra que fecunda a matéria – o Logos Solar inseminando a Matéria Lunar (o Graal). Essa conexão explícita entre Abrahadabra, a Lança e o Cálice, é o tema central da Missa Gnóstica. E minha edição comentada de O Cálice do Êxtase, de Frater Achad, comento: Abrahadabra é a expressão codificada da união do Falo e da Yoni, Hadit e Nuit, o Leão e a Serpente. No mesmo livro coloco ênfase: ON é a semente, Abrahadabra é o fruto

Implica que Abrahadabra contém dentro de si a fórmula de ON, que é a fórmula sexual do PHALLUS Solar fecundando a Matéria Lunar. Abrahadabra é a expansão completa de ON, o Logos Criador. Em Liber 418 Crowley diz: Abrahadabra é a chave da Magia Sexual no Novo Aeon, pois é a Palavra de Poder que coroa a operação da união entre o Sol e a Lua. E no Magick ele diz: Abrahadabra é o Verbo Solar fecundando a Matéria, a Palavra da Palavra feita carne.

Encontramos uma camada oculta dessa fórmula, Abrahadabra, revelada através da tripla chave representada pelas letras R (resh – Atu XIX, o Sol ou a Semente do Pai), B (beth – Atu I, o Mago, o PHALLUS do Sol) e D (daleth – Atu III, a Imperatriz, que é Vênus, a matriz do êxtase). Essa tríade de letras não é casual, mas sim uma codificação da própria anatomia da fórmula Abrahadabra e do processo de transmutação mágica ligado ao entusiasmo energizado e à magia sexual. Essas são as três letras ou nervos centrais da fórmula AbrahadabraEssa leitura é hermeticamente vinculada à dinâmica da magia sexual em Thelema, onde a Lança do Sacerdote (Phallus) é introduzida no Cálice da Sacerdotisa (Yoni), e o resultado dessa união é a manifestação da Criança Mágica – simbolizada aqui pela palavra inteira Abrahadabra, que é o mantra da consumação da Grande Obra.

Abrahadabra

E em The Revival of Magick, Crowley Diz: O Phallus é a Vara da Lei, o Portador da Palavra, e toda operação mágica é uma imitação ritualística do Ato Criador do Universo. Essa ideia ecoa diretamente com Evola, que afirma: O Phallus não é apenas símbolo de fertilidade, mas a vara axial que conecta Céu e Terra, o raio de poder divino que é a imagem visível da Vontade Celeste manifestadaAssim Abrahadabra revela a anatomia secreta da própria operação sexual mágica, onde o PHALLUS (R), a Porta (D) e a Casa (B) se combinam em um ato teúrgico supremo. Essa fórmula sintetiza o poder da Vontade Criadora Divina agindo na carne, restaurando a virilidade sagrada e colocando novamente o PHALLUS no altar da Divindade. Que o magista compreenda que não há diferença entre seu Phallus e a Lança do Deus Solar, pois aquele é a manifestação microcósmica deste. E a virilidade espiritual não é apenas potência sexual – é a manifestação do Logos Criador no atoAbrahadabra, portanto, é a proclamação da união restaurada entre o Céu e a Terra, a Lança e o Graal, a Vontade e o Poder, o Logos e o Caos, a Luz e as Trevas – o símbolo perfeito da Consciência Solar no centro do Novo Aeon.

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A LANÇA & O GRAAL

Leia excertos do livro A Lança & o Graal em primeira mão:

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